Tuesday, February 21, 2006

Complete as lacunas... (ou fato curioso parte III)

"Desde seu início, o show já dava mostras de reunir todos os ingredientes fundamentais para um agitado acontecimento, durante duas horas de intensos embalos. O profissionalismo da equipe de produção, a sofisticada parafernália eletrônica, os requintes dos efeitos visuais, uma infra-estrutura jamais vista no Brasil em shows, os 140 mil watts da aparelhagem não falharam um único momento, davam o suporte para que o baixista __________, o guitarrista __________, o baterista ___________ e o cantor ________ mostrassem porque são capazes de lotar estádios de futebol. Desfilaram seus maiores sucessos, mostraram sua técnica vocal e instrumental em rocks pesados, baladas e canções românticas, alternando momentos de lirismo com outros de alta vibração, fazendo o público cantar as letras completas de quase todas as músicas."
Folha de S. Paulo do dia 21/__/____: Rock, luzes e muita emoção
Se você pensava que a resposta teria nomes como Bono, The Edge, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton, está muito enganado. Coloque John Deacon, Brian May, Roger Taylor e Freddie Mercury e você terá a resposta certa: trata-se de reportagem da Folha de São Paulo publicada em 21/03/81, após o show para 200 mil pessoas que o Queen fez no mesmo estádio do Morumbi um dia antes.
Pressionante, não?

Fato Curioso - parte U2

Senhores,

O post principal está aqui embaixo, mas me esqueci de apontar um fato bastante curioso que mostra realmente a qualidade do espetáculo apresentado. Por inúmeros momentos esqueci-me completamnete da existência dos quatro músicos sobre o palco: não entortava o pescoço nem ensaiava pulos na tentativa de ver os quatro músicos. O telão tomava 100% de minha atenção...

A Beautiful Day

Antes de fazer qualquer consideração sobre o Show do U2 que vi ontem, devo, sem dúvida alguma, explicar os motivos que me levaram a ir ao show (e por conseqüência enfrentar 6 horas de fila um mês atrás...). Ao contrário dos mais de 70 mil fãs que lá estavam para ver “a banda de sua vida” ou “uma de suas bandas favoritas”, o U2 para mim não representava muita coisa. Ok, é uma banda cujo trabalho devo respeitar, mas mesmo assim não é uma banda que me toque de “uma forma especial”. Para mim é mais uma banda como tantas que se estiver tocando na rádio eu provavelmente não irei mudar de estação – mas nada além disso. Comprar CDs? Eu, tão viciado na compra dos redondinhos, tenho apenas uma coletânea da produção da banda na década de 80 – e é só. Uma coletânea que, por sinal, não ouço muito.

Devem estar se perguntando “e que foi fazer no meio daquela multidão então?”. Assistir a um espetáculo grandioso. Era isso que ouvia sobre a turnê – adjetivos superlativos, comentários sobre a beleza e a grandiosidade da produção. Vou perder uma oportunidade histórica dessas? Não senhor!

E lá estava eu ontem. Eu e mais 70 e poucas mil pessoas.

A coisa começou bastante morna com a entrada dos escoceses do Franz Ferdinand. Outra banda que eu não conhecia e que teve a ingrata tarefa de abrir um show daquelas proporções. Utilizando-se de um décimo do palco e de um centésimo da potência do som a impressão que a banda passava era a de que realmente estariam aptos a dar um grande show em um pequeno local fechado – mas lhes falta muito ainda para conseguirem captar a atenção de um estádio de futebol lotado.

E espera, espera, espera até que as luzes se apagam, a fumaça começa a subir e depois a sumir, revelando os contornos de The Edge. E então vem o inacreditável: o gigantesco telão atrás do palco se acende – e neste momento você sabe que está prestes a ver um dos maiores espetáculos da terra durante as próximas duas horas.

A banda é de fato extremamente profissional e competente. Uma bela cozinha, um belo guitarrista, um vocalista que é, acima de tudo, um grande performer, e, principalmente, um público impressionante, capaz de cantar de cabo-a-rabo todas as músicas do repertório da banda sem desanimar por um minuto sequer.

E a cada música o espetáculo visual tornava-se mais surpreendente. Em ‘Vertigo’ o telão mostra todo o seu potencial e em ‘Still Haven't Found What I'm Looking For’ é a vez do público mostrar todo seu potencial.

E a beleza tecnológica, que fique claro, não é exibida apenas pelo telão gigantesco. Como era de se esperar, em determinado momento Bono pede para que todos liguem as luzes de seus celulares...e pronto: você acaba de presenciar o momento mais bonito e emocionante da noite – um estádio lotado iluminado por luzes azuis e verdes por todos os lados cantando ‘One’ em uníssono. Inevitável não se ver imaginando no momento sobre como deve ter sido o mesmo Morumbi lotado cantando “Love of my life” (afinal, arrisco dizer que U2 é o herdeiro direto do Queen quando se fala em mega-shows...)...

Enfim, não tenho medo em dizer que, em termos de performance, nada superará o débil mental do Iggy Pop (não canso de repetir que ver o Bono Vox chamar uma moça da platéia para cantar uma música com ele no palco parece algo extremamente banal depois que já se presenciou uma invasão de palco incentivada pelo próprio Iggy Pop durante “No fun”...). Mas, da mesma forma, não tenho qualquer receio em dizer que em termos de espetáculo demorará muito para surgir alguém capaz de superar o que o Brasil viu ontem em transmissão quase ao vivo...

Senhores, eu fiz parte do maior espetáculo da Terra.

P.S.: Fato curioso foi meu desconforto assim que a banda entrou no palco. Acostumado com outros tipos de show, minha primeira reação foi erguer os braços com a mão fazendo o bom e velho símbolo “from hell” ( lml ). E conforme vou olhando em volta vejo que era o único fazendo o sinal – céus! Eu havia me esquecido que dessa vez o show não era de punk, não era de metal! Pelo contrário, era, de certa forma, o show de uma banda semi-gospel!

Sunday, February 19, 2006

Sobre o show do U2...

Uma apresentação competente de uma banda em grande fase. Uma estrutura grandiosa para uma banda grandiosa. Um público que não desanimou um minuto sequer apesar da chuva.

MAS, e daí? Eu já vi o Iggy Pop!
Vejamos se após o show eu mantenho essa opinião...

Friday, February 17, 2006

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No dia do juízo final eu vou poder alegar que aquilo é um tribunal de exceção?

Friday, February 10, 2006

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If ice cream, will you listen?

Wednesday, February 08, 2006

Imagine que estoura no Brasil um novo animê ou mangá japonês. A coisa vira febre mesmo. Crianças e principalmente adolescentes acompanham o mangá/animê de forma fanática. O enredo não vem ao caso. O importante é que o personagem principal da série se veste como um formando, de beca, chapeuzinho, canudo na mão e tudo mais.

Pois bem, essa série, até onde eu sei, não existe.

Mas, ainda assim, imagine um Anime-Friends ou um Anime-Com com centenas de cosplays do referido personagem...

Pois bem, isso existe, e como eu descobri semana passada se chama Colação de Grau da Escola Politécnica Da Universidade de São Paulo.

Thursday, February 02, 2006

MP3 e egoísmo

Estamos ficando cada vez mais egoístas.

Em tempos de antanho, qualquer adolescente que se prezasse tinha como sonho de consumo um mini-system com seus X Watts de potência, capaz de ensurdecer o mais paciente dos vizinhos. Não bastava que nós ouvíssemos a música que nós desejávamos. Era preciso que nossos irmãos, pais, avós, cachorros, vizinhos, vizinhos dos vizinhos, etc., ouvissem a mesma música. E se reclamassem ou pedissem para abaixar a solução era uma só: ativar o ultra-boost-mega-bass-dolby-surround-sound!

Mas hoje não. Qualquer adolescente que se preze nos tempos atuais tem um grande sonho de consumo: um I-POD. O importante é que no carro, na escola, no ônibus e na academia eu possa ouvir a MINHA música. O vizinho que se exploda, a rádio Alfa que papai ouve que vá para o inferno – ou melhor, que continue lá mesmo! Agora não sou obrigado a ouvi-la – eu tenho um I-POD!

E assim, desde a invenção dessa geringonça, certamente adquirida pelos meus vizinhos, eu não mais sei qual a última moda no axé baiano, qual o mais recente relançamento da música cubana e versão de qual música faz sucesso hoje na Jovem Pan!

E ainda dizem que esse tal de MP3 derrubou fronteiras na música...

Wednesday, February 01, 2006

Baixo - Ilustre Desconhecido - Parte 1

Lembro-me que certa vez, um bom tempo atrás, afirmei com aquela certeza que somente um pré-adolescente é capaz de ter sobre um tema que desconhece por completo, que ‘o baixo bem tocado é aquele que você não ouve’. Possivelmente eu estava tentando reproduzir algo que eu tinha ouvido alguém falar mas não tinha entendido corretamente – certamente alguém reclamando que em determinado disco (pretendo comentar sobre isso especificamente em outro texto...) ou show o baixo mal tocado ou mal preparado se sobrepunha por todo o som com seus graves...

Talvez com um certo tardar, mas ainda a tempo, venho tentar desfazer esse erro histórico de minha pré-adolescência. Primeiramente, desculpando-me com o próprio instrumento, pelo qual vim a ter grande admiração posteriormente. E em segundo lugar, peço desculpas a todos aqueles que em algum momento de alguma discussão foram alvejados por argumentos fracos que culminavam com essa afirmação esdrúxula e estapafúrdia.

Não querendo me justificar, mas já o fazendo, o fato é que o contra-baixo, ou baixo, como preferirem, é um ilustre desconhecido para a grande maioria do público da música pop. Não que não esteja presente – pelo contrário, a música pop é invariavelmente marcada por linhas de baixo bem construídas, de Beatles a Bee Gees, passando por Ivete Sangalo e Vanilla Ice.

Coloco o público da música pop como foco por uma série de motivos: primeiro porque é justamente o tipo de pessoa com quem temos mais contato no dia-a-dia, contato este que nos fez constatar que o baixo ainda é um anônimo dentre os instrumentos; além disso porque em outros estilos de música, notadamente o Jazz, o contra-baixo possui um lugar de tamanho destaque na música, e seus admiradores acompanham a música dedicando uma atenção praticamente inexistente dentre o público da música pop, que seria impossível ao instrumento manter seu anonimato dentro deste grupo de ouvintes.

A questão que se coloca é: por que o baixo ainda é visto pelo grande público como ‘aquela outra guitarra meio desajeitada’ e o baixista como ‘aquele cara que balança a cabeça sem parar mesmo sem ninguém ouvir o que ele está tocando’? Por que quando falamos para alguém que tocamos baixo ouvimos sempre aquele ‘Ah...’ em conjunto com aquela cara de ‘não entendi mas não vou perguntar...’? Por que mesmo com a música pop tendo linhas de baixo marcantes, comentá-las é falar com as paredes?

Arrisco dizer que a resposta começa na infância, dentro de casa. Salvo as exceções de pessoas que já nascem com uma habilidade notável para a música e os casos em que os pais incentivam a criança de forma contínua e adequada, não somos educados em nossas casas, e muitas vezes as escolas não buscam cobrir tais lacunas, a escutar música. Escutar não como meramente ouvir música, tal como ouvimos a obra do apartamento de cima ou o cachorro do vizinho latindo durante toda a noite. Escutar a música da mesma forma que na infância degustamos uma Negresco – primeiro a ‘tampa’, depois o recheio que lambemos vagarosamente, encerrando com a outra ‘casca’. Não que devêssemos ser educados desde criança a sermos chatos que só ouvem SACDs remasterizados nas caixas de som de 5 mil dólares que permitem um som mais puro é limpo, permitindo a correta identificação de cada instrumento em cada faixa. Ora, se comemos uma ou duas Negrescos do pacote desta forma calma e minuciosa, enquanto devoramos o restante, podemos também ser educados a ouvir a música no radinho de pilha de baixa qualidade (acho que hoje as crianças chamariam isso de MP3 a 96 kbps...) e escutar uma ou outra música quando desejássemos.

Mas, como se sabe, não é isso que acontece. Ouvimos a música desde criança como se fosse uma coisa só (e a celebrada MPB com seu banquinho e violão não ajuda muito a mudar isso, é claro...) que já vem meio pronta e em conjunto.

E assim vai passando o tempo, vamos adentrando nas escolas de música e fazendo nossas opções pelos instrumentos. A guitarra é a preferida, sem dúvida, desde os seis anos de idade – criança alguma é capaz de passar incólume por uma sessão da tarde com Marty McFly tocando Johnny B. Goode no baile ‘Encanto Submarino’ em De Volta para o Futuro. O piano e o teclado é velho conhecido de todos – seu som é facilmente identificável e sempre existe a avó ou o tio que tem um encostado em algum canto da sala... A bateria, por sua vez, é a opção dos barulhentos. Os metais, coitados, são jogados todo no mesmo saco... E o baixo... Bem o baixo, salvo as exceções antes apontadas, é a escolha óbvia do pré-adolescente que quer ser diferente, mesmo não sabendo muito bem para que serve aquele instrumento que está empunhando de forma meio desengonçada.

Como tenho consciência que as pessoas têm pouca paciência para uma leitura longa em blogs, dividirei o texto em duas ou três partes. O restante das divagações sobre o baixo, portanto, continuo na próxima oportunidade...