Tuesday, February 21, 2006

A Beautiful Day

Antes de fazer qualquer consideração sobre o Show do U2 que vi ontem, devo, sem dúvida alguma, explicar os motivos que me levaram a ir ao show (e por conseqüência enfrentar 6 horas de fila um mês atrás...). Ao contrário dos mais de 70 mil fãs que lá estavam para ver “a banda de sua vida” ou “uma de suas bandas favoritas”, o U2 para mim não representava muita coisa. Ok, é uma banda cujo trabalho devo respeitar, mas mesmo assim não é uma banda que me toque de “uma forma especial”. Para mim é mais uma banda como tantas que se estiver tocando na rádio eu provavelmente não irei mudar de estação – mas nada além disso. Comprar CDs? Eu, tão viciado na compra dos redondinhos, tenho apenas uma coletânea da produção da banda na década de 80 – e é só. Uma coletânea que, por sinal, não ouço muito.

Devem estar se perguntando “e que foi fazer no meio daquela multidão então?”. Assistir a um espetáculo grandioso. Era isso que ouvia sobre a turnê – adjetivos superlativos, comentários sobre a beleza e a grandiosidade da produção. Vou perder uma oportunidade histórica dessas? Não senhor!

E lá estava eu ontem. Eu e mais 70 e poucas mil pessoas.

A coisa começou bastante morna com a entrada dos escoceses do Franz Ferdinand. Outra banda que eu não conhecia e que teve a ingrata tarefa de abrir um show daquelas proporções. Utilizando-se de um décimo do palco e de um centésimo da potência do som a impressão que a banda passava era a de que realmente estariam aptos a dar um grande show em um pequeno local fechado – mas lhes falta muito ainda para conseguirem captar a atenção de um estádio de futebol lotado.

E espera, espera, espera até que as luzes se apagam, a fumaça começa a subir e depois a sumir, revelando os contornos de The Edge. E então vem o inacreditável: o gigantesco telão atrás do palco se acende – e neste momento você sabe que está prestes a ver um dos maiores espetáculos da terra durante as próximas duas horas.

A banda é de fato extremamente profissional e competente. Uma bela cozinha, um belo guitarrista, um vocalista que é, acima de tudo, um grande performer, e, principalmente, um público impressionante, capaz de cantar de cabo-a-rabo todas as músicas do repertório da banda sem desanimar por um minuto sequer.

E a cada música o espetáculo visual tornava-se mais surpreendente. Em ‘Vertigo’ o telão mostra todo o seu potencial e em ‘Still Haven't Found What I'm Looking For’ é a vez do público mostrar todo seu potencial.

E a beleza tecnológica, que fique claro, não é exibida apenas pelo telão gigantesco. Como era de se esperar, em determinado momento Bono pede para que todos liguem as luzes de seus celulares...e pronto: você acaba de presenciar o momento mais bonito e emocionante da noite – um estádio lotado iluminado por luzes azuis e verdes por todos os lados cantando ‘One’ em uníssono. Inevitável não se ver imaginando no momento sobre como deve ter sido o mesmo Morumbi lotado cantando “Love of my life” (afinal, arrisco dizer que U2 é o herdeiro direto do Queen quando se fala em mega-shows...)...

Enfim, não tenho medo em dizer que, em termos de performance, nada superará o débil mental do Iggy Pop (não canso de repetir que ver o Bono Vox chamar uma moça da platéia para cantar uma música com ele no palco parece algo extremamente banal depois que já se presenciou uma invasão de palco incentivada pelo próprio Iggy Pop durante “No fun”...). Mas, da mesma forma, não tenho qualquer receio em dizer que em termos de espetáculo demorará muito para surgir alguém capaz de superar o que o Brasil viu ontem em transmissão quase ao vivo...

Senhores, eu fiz parte do maior espetáculo da Terra.

P.S.: Fato curioso foi meu desconforto assim que a banda entrou no palco. Acostumado com outros tipos de show, minha primeira reação foi erguer os braços com a mão fazendo o bom e velho símbolo “from hell” ( lml ). E conforme vou olhando em volta vejo que era o único fazendo o sinal – céus! Eu havia me esquecido que dessa vez o show não era de punk, não era de metal! Pelo contrário, era, de certa forma, o show de uma banda semi-gospel!

1 comment:

monica said...

Caramba, respeitar o U2 pq???